Posso dizer que sou uma pessoa monástica, a vida simples me agrada. Claro que gosto do conforto, mas isso não significa o exagero e o supérfluo. Não precisamos de tantas escolhas e opções para ter uma vida confortável. Precisamos de roupas para nos vestir, mas não é preciso ser apresentada a tantas possibilidades para isso. Procure por um caderno e lá vêm os mil tipos à disposição. Hoje, para beber uma caneca de leite tem-se que escolher as marcas e tipos da caneca, do achocolatado ao guardanapo que irá usar.
Percebo que muitas famílias treinam seus filhos desde pequeninos a escolher: filhinho você quer beber água, neste copo ou neste? em qual você quer beber? qual sapato, qual escova?
Talvez alguns psicólogos de plantão dirão que estamos desenvolvendo a individualidade e identidade da pessoa com todas estas escolhas. Eu ainda acho que o que estamos é gastando energia com pouca coisa e chamando atenção dessa geração para o banal, ou seja, nos aprofundando sobre o nada. Enfim, são tantas particularidades que nos distanciamos do básico, da utilidade e do uso da coisa.
Outros irão refutar minha fala e dirão: ah, mas nada como beber num copo de cristal, nada como dormir num lençol com xis tramas, será? Às vezes acho que estamos perdendo muito com esses detalhes e conhecimentos do consumo. Quanto mais escolhas com o comezinho mais distantes estamos de nós mesmos, menos sabemos verdadeiramente de nós, de nossas escolhas, de nosso ser.
Não me interessa esta liberdade de consumo, estas escolhas. A liberdade que procuro é a de ter uma vida cada vez mais livre destes aborrecimentos, menos dependente destes consumos, menos escravizada ao salário e ao crédito nosso de todo dia! Mas que ironia e armadilha dos tempos de hoje e ser simples vira mais uma escolha e um produto caro na prateleira de poucos.
Um comentário:
Nossa, concordo totalmente.
Aqui em casa é complicadíssimo beber qualquer coisa. Existem várias tacinhas, taças, taçonas, copos, copões, xícaras...
Para mim basta um copo de alumínio (para que não quebre e me dê trabalho de procurar outro), e uma xícara de vidro (chás ficam bonitos nelas).
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