Quantas lembranças da casa da vó! Quantas imagens, sons, cheiros, locações em minha cabeça.
Meus avós moravam na Vila Olímpia, em São Paulo. Lá passava minhas férias. Lembro-me da parreira de uva, dos dois balanços que eram amarrados nela e nos quais eu e minha irmã balançávamos enquanto cantávamos “Mdalena” de Ivan Lins. Quando chovia da janela da sala parávamos para ver a chuva que batendo no cimentado e nas poças fazia belas coroas d´água.
Revejo os cômodos da casa: o quarto de meus avós, a penteadeira amarela, os bonecos feitos com as blusas de lã do meu avô; a cozinha e os torresminhos que sobravam da banha frita que colocávamos como recheio no pão, do latão de bolachas maria e com formatos de bichinhos; da mesa da sala de jantar cuja base servia de esconderijo, da prateleira de vidro, dos conjuntos de licores e dos licores de vovó que sim criança podia beber também! Pouco, mas podia; do terraço com suas cadeiras de madeira, meu tio a ler o jornal e que depois recortava de lá as bonequinhas de papel com suas roupinhas para eu e minha irmã brincarmos. Meu tio homem bonito, elegante com seu cigarro minister e o cinzeiro de pedestal; o quarto do "Tio Gê", com uma gaveta da cômoda cheia só de gibis, a sapateira redonda, o abajur sobre ela…A "guela" sentada na cadeira ao sol penteando seus longos cabelos e que de novo desenharia a trança, que em coque, ficava sempre sobre sua cabeça!
O cachorro Tico, os jardins, as plantas da vovó, o dinheirinho, as azáleas, as hortênsias entre tantas flores e a majestosa seringueira logo na entrada da casa encostada ao portão de madeira, o muro baixo. Aí meu deus quantas imagens, locações, o cheiro da parquetina, aí, quantas lembranças….
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